Taffarel nos Aflitos

O treino do Náutico, ontem, nos Aflitos, teve uma agitação a mais. É que lá esteve presente o ex-goleiro da Seleção Brasileira Taffarel, hoje empresário de futebol e que trouxe o goleiro André para o Timbu. Ele concedeu uma entrevista muito interessante ao Jornal do Commercio que reproduzo abaixo, já que nem todos puderam acessá-la.

Do Jornal do Commercio

“Foi melhor Baggio perder o pênalti”
Publicado em 12.03.2008

Goleiro do tetra mundial do Brasil, Cláudio André Mergen Taffarel, hoje com 41 anos, causou agitação ontem, nos Aflitos. Agora como agente de futebol, ele acompanhou André Sangalli, novo arqueiro do Timbu. Titular do Brasil também nas Copas de 1990 e 98, Taffarel conversou sobre seleção, goleiros brasileiros e entrou até na polêmica do Brasileirão de 1987.

COPA DO MUNDO
O tetracampeonato mundial conquistado pela seleção brasileira nos Estados Unidos foi, indiscutivelmente, o momento mais brilhante da minha carreira, sobretudo, pelo desfecho. Foi um título genuinamente brasileiro. Sofrido. Nos pênaltis. E costumo dizer que Deus sabe o que faz. Foi melhor Roberto Baggio ter perdido a penalidade do que eu ter defendido. Se isso acontecesse, ou se o Brasil tivesse ganho a partida no tempo normal ou na prorrogação, o autor do gol seria rotulado como herói. Da forma como foi o brilho pela conquista ficou ainda mais para o grupo.

FRANÇA/1998
A derrota para a França (por 3x0) na final do Mundial de 1998 foi a conseqüência de vários erros que foram cometidos pelo Brasil naquela Copa (o atacante Ronaldo foi escalado para a decisão, mesmo tendo sofrido convulsões momentos antes da partida).

DUNGA
Está fazendo um grande trabalho à frente da seleção. Sua maior virtude é repetir como treinador a mesma postura de quando era atleta, ou seja, trabalhador, firme e determinado. Além disso, já conquistou um título importante para o País (a Copa América, na Venezuela, no ano passado, sobre a Argentina).

O LADO TREINADOR
Dou muito valor ao trabalho de Dunga e Jorginho (ex-lateral-direito), mas já fechei as portas para os convites para ser treinador de futebol. Quando era atleta profissional nunca gostei muito da parte tática. E jogador que não gosta de tática jamais pode ter a pretensão de ser técnico de futebol.

O LADO EMPRESÁRIO
Após encerrar a carreira, me dediquei à família, mas chega um tempo em que dá saudade do futebol. Então, Paulo Roberto (ex-lateral-direito do Cruzeiro e Grêmio), e eu, montamos uma empresa – a Taffarel e Paulo Roberto Assessoria e Consultoria Esportiva. Estamos agenciando alguns atletas e agora surgiu a oportunidade de trazer o André (goleiro) para o Náutico. Foi bom porque revi amigos como Sangaletti e matei as saudades da cidade, que sempre suscita boas recordações.

RECIFE
O povo do Recife foi o responsável pelo empurrão que o Brasil precisava nas Eliminatórias para a Copa do Mundo de 94. O clima de apoio e o resultado (6x0 na Bolívia, no lotado estádio do Arruda, em 1993) foi a grande reviravolta que culminou com o título mundial no ano seguinte.

GOLEIROS BRASILEIROS
Tenho respondido bastante sobre o sucesso dos goleiros brasileiros na Europa, principalmente na Itália, onde temos Júlio César como titular da Internazionale e Doni como número um da Roma, sem falar no Dida, que foi muito tempo absoluto no Milan. Me sinto confortável para falar a respeito disso, pois fui um dos pioneiros em jogar fora do Brasil (Parma, em 1990). Acho que o goleiro está sendo mais respeitado no Brasil, sobretudo, na sua preparação. Percebeu-se que é importante criar condições de trabalho para a formação de um bom goleiro. E o resultado foi a explosão dos brasileiros no mercado europeu. Não só na Itália. Hélton é titular do Porto, de Portugal, e Gomes do PSV, da Holanda.

BRASILEIRO DE 87
O Flamengo foi o campeão da Copa União e o Internacional (defendido por ele) foi o vice. E o Sport de outro negócio (o módulo amarelo). Teria que ter um cruzamento, mas isso não aconteceu.