Declarações infelizes

Declarações do técnico Roberto Fernandes, sábado, em entrevista ao Jornal do Commercio, me deixaram um tanto preocupado. Ou melhor, encucado. Nada que me faça desconfiar da integridade ou ética do nosso treinador, mas algumas declarações deixaram transparecer uma certa insatisfação e até mesmo um certo descompromisso. Oras, vejam só, o que vocês pensaria ao ouvir o técnico do seu time, que acabou de acertar sua permanência para próximo ano, dizer: "Minha renovação com o Náutico é verbal. Não assinei pré-contrato. No entanto, minha permanência só depende do próprio Náutico. Existem algumas situações pendentes (salários atrasados) que não abro mão de receber". Que ele não tinha assinado, embora a diretoria tenha garantido, eu já sabia. Que o Náutico deve salários, não só a ele como ao elenco, também não é novidade. Mas como ele pode dizer que a permanência dele depende de alguma coisa ainda? Ele não tinha acertado tudo?
E não pára por aí. Como ele acerta tudo com o Náutico, começa o planejamento para 2008 e admite que está conversando com outras equipes? Se isso for verdade, e não apenas um blefe para se valorizar, é inadmissível. Vejam o que ele disse: "(...) ainda têm duas equipes mantendo contato. Não vou falar quais e nem de onde são, mas estão acima do Náutico em termos de estrutura. No entanto, a questão financeira não é muito diferente do que vou receber aqui. Já estou pensando no planejamento do Náutico para 2008, mas isso não me impede de ouvir propostas de outros clubes". Uma vez que assumiu o compromisso, ele deveria entrar de cabeça nisso, e não negociar com outros times.
Podemos tirar várias conclusões diferentes sobre tais afirmações de Roberto Fernandes. Para mim, é bem possível que essa seja uma forma de pressionar a diretoria do Náutico a dar tudo aquilo que ele pediu após o último jogo da Série A: estrutura e organização. Além, claro, de tentar receber tudo aquilo que está atrasado em termos de salários. Mesmo assim, não concordo com a maneira como ele o faz.